domingo, outubro 14, 2007

Marselha em análise

O próximo adversário do Futebol Clube do Porto para a Champions será a mediterrânica equipa de Marselha. Pelo seu historial e pelos nomes que apresenta a cada época é sempre uma equipa temível, a vitória europeia de 93 e os jogadores Andreas Köpke, Angloma, Didier Deschamps, Jean Tigana, Jean-Pierre Papin, Rudi Völler, Christophe Dugarry e Didier Drogba não estão tão longe da memória do adepto do futebol para serem esquecidos, mas os últimos anos e o início da actual temporada desportiva colocam sempre algumas dúvidas quanto ao valor colectivo da equipa e da sua capacidade de jogar no Vélodrome. O seu mau começo já provocou uma vítima - Albert Emon, que foi substituido por Eric Gerets no cargo de treinador principal e cria na equipa um novo espaço para a entrada de uma nova filosofia mais agressiva e, possivelmente, mais rigorosa e reaviva um "mito" numa cidade que nunca esqueceu outro belga - Raymond Goethals.A equipa do sul de França, neste verão, foi uma das protagonistas do mercado internacional ao conseguir vender Ribery por 26 milhões de euros, o que lhe permitiu manter a base do plantel e reforçar outros sectores da equipa - como, a compra definitiva do passe de Cissé e a aquisição de Zenden, os dois ao Liverpool.

Se nesta fase é uma incógnita sabermos como o Marselha vai jogar contra o Porto no dia 24 de Outubro também o será daqui a uma semana, tal é o pouco tempo de Gerets no Marselha (simplesmente dois jogos) e nesse período usou duas estruturas; se vai jogar num 4-5-1 ou num 4-4-2, só minutos antes do jogo saberemos. Por esse motivo o destaque irá recair na capacidade individual de alguns jogadores e em processos característicos da equipa.

Os processos atacantes laterais do Marselha contarão com a presença dos defesas Bonnart (ou Zubar) e Taiwo. A capacidade ofensiva destes jogadores dará grande profundidade ao Marselha, mas permitirá grandes espaços aos extremos do Porto tal é a dificuldade de desdobramento da equipa, o nigeriano (Taiwo) é o elemento mais perigoso desta zona, pela esquerda conseguirá chegar rapidamente ao ataque e os seus cruzamentos que provocarão maior vigilância à defesa portista, já a sua enorme aptidão ofensiva não será correspondida defensivamente dando sempre enormes espaços aos jogadores contrários. Para estes problemas, a equipa francesa reforçou a sua defesa com Givet e Faty, este último é um central jovem com grande capacidade no futebol aéreo, mas com problemas em velocidade. Neste sector o Porto contará, caso os mediterrânicos estejam num dia normal, com muitas ofertas e será importante a concentração em cada lance. Já os outros dois sectores, meio-campo e ataque, são os mais fortes da equipa - com Cana e o jovem génio francês Nasri a zona central ganha uma capacidade de passe difícil de bater, o albanês será o equilíbrio da equipa, muitas vezes demasiado preso ao jogo defensivo do que à criatividade ofensiva, mas quando se consegue soltar é de contar com um passe a isolar um dos avançados. Nasri, considerado por muitos o futuro Zidane, é um jogador de 20 anos capaz de trazer a bola consigo até ao ataque e de desequilibrar perto dos laterais adversários, deambulando de um lado para o outro, na forma como lê a partida e usa da sua velocidade será um pouco diferente da antiga estrela do futebol francês, mas ao 20 anos conseguiu o estatuto de principal estrela do Marselha, mesmo contando com Cissé. O sector mais atacante da equipa conta geralmente com Niang e Cissé, a sua capacidade de aproveitar os espaços e as costas das defesas torna-os temíveis do primeiro ao último minuto e qualquer partida controlada pelo adversário pode transforma-se numa vitória marselhesa em 5 segundos (dando sentido ao lema marselhês: «Droit au but»)

Post publicado também em: Prespectivas sobre o Futebol Clube do Porto

domingo, abril 01, 2007

Antevisão: SL Benfica - FC Porto

Neste dia 1 de Abril, vão-se encontrar os dois últimos campeões nacionais, certamente para decidir o futuro vencedor do mesmo troféu. Do lado do conjunto lisboeta estão os resultados das últimas jornadas e a sua capacidade colectiva, que se tem sentido ao longo das últimas jornadas, do lado da equipa portuense estará a sua posição no campeonato e a capacidade individual dos seus jogadores, como Quaresma, Lisandro, Anderson e Lucho.

A equipa da Luz, vem de um óptimo momento a sua última derrota aconteceu no ano passado a 18 de Novembro frente ao Sp. Braga e para exacerbar isto a única derrota em casa, este ano, foi frente ao diabos vermelhos de Manchester. O Benfica apresenta-se tradicionalmente num sistema de Losango, em 4-4-2, em situação ofensiva evolui para um 4-3-3, com Simão na ala esquerda e Derlei ou Micolli na contrária, dependendo na batuta de nº10 de Rui Costa. A sua rápida transição para o ataque é feita preferencialmente sobre o seu lado esquerdo com Simão e Leo em funções de maior profundidade ofensiva, deixando sempre espaço para as entradas de Katsouranis, no poste contrária (salienta-se neste processo as excelentes movimentações de Nuno Gomes). Tal movimentações ofensivas só resultam, pela grande capacidade e solidez defensiva, da dupla Petit e Katsouranis.
Equipa provável: Quim; Nélson, Leo, Anderson, David Luiz; Petit, Katsouranis, Karagounis, Simão; Miccoli e Nuno Gomes.

Os nortenhos, vêm de uma derrota com o Sporting (desde que começou o ano já têm duas derrotas em casa e uma fora), mesmo assim mantém-se como o melhor ataque e defesa da prova com 46 golos marcados e 12 sofridos. O Porto tem como preferência o 4-3-3, jogando maior parte das vezes com dois atacantes no centro, no jogo passado com a ausência de Lisandro, preferiu jogar com as alas bem abertas, algo que não se deverá manter neste jogo. A equipa prefere o ataque pelo lado esquerdo, dependo sempre de Quaresma para saber em que lado se iniciará o seu ataque. O seu meio-campo elege o ataque em progressão, trocando entre si a bola, passando pela qualidade de Lucho e Meireles para garantir a execução desta directiva. A sua formação em triângulo sobre um Paulo Assunção mais recuado, obriga a uma maior dependência dos laterais para o processo defensivo, para tal, em situações de ataque os seus laterais preferem jogar em apoio, tendo como excepção Bosingwa, que devido à sua capacidade física, de um momento pode estar a fazer um cruzamento à linha e no segundo a seguir a defender sobre o extremo.
Equipa provável: Hélton; Fucile, Bosingwa, Pepe, Bruno Alves; Paulo Assunção, Raul Meireles, Lucho; Quaresma, Adriano e Lisandro.

Para a estatística, o encontro deste Domingo conta-se com 72 jogos na Luz, com 40 vitórias do Benfica e 11 triunfos do FC Porto, sobre 21 empates. Foram marcados 225 golos (154 para os vermelhos e 71 para os azuis).

Historial dos últimos 10 jogos

Benfica 1-0 FC Porto - 2005/06
Benfica 0-1 FC Porto - 2004/05
Benfica 1-1 FC Porto - 2003/04
Benfica 0-1 FC Porto - 2002/03
Benfica 0-0 FC Porto - 2001/02
Benfica 2-1 FC Porto - 2000/01
Benfica 1-0 FC Porto - 1999/00
Benfica 1-1 FC Porto - 1998/99
Benfica 3-0 FC Porto - 1997/98
Benfica 1-2 FC Porto - 1996/97

quarta-feira, março 07, 2007

Antevisão do PSG - Benfica

Muito se tem falado deste encontro, o primeiro oficial entre os dois clubes que já se defrontaram por 5 vezes em amigáveis (o último jogo ocorreu em 2003 em que o PSG venceu 6-5 após penaltys, 1-1 durante o tempo regulamentar). Porque um dos intervenientes é o Benfica, que luta pela vitória na Taça UEFA. Porque enfrenta um clube que atravessa uma crise de resultados. Porque esse é o Paris St-Germain, de Paris, onde se promete um numeroso apoio da população portuguesa radicada em França.

Vindo da Liga dos Campeões, o Benfica faz parte dos favoritos à vitória final. Não só pelos resultados obtidos e pela forma actual dos jogadores, mas também pelo valor do plantel dos encarnados. E frente ao PSG, é claramente favorito à vitória nos dois jogos. O plantel benfiquista é superior em todos os sectores ao do PSG, excepto, eventualmente, no ataque e na baliza. Os recentes resultados do Benfica são um factor mais, nomeadamente no moral dos jogadores. De novo na corrida para o título, o Benfica pode de novo ir longe nas competições europeias, e reforçar o seu estatuto de grande clube europeu. Uma boa prestação na Taça UEFA é para isso,
necessária.

Em frente, o PSG, após um período inicial com Le Guen bastante positivo - estabilização da defesa, vários jogos sem perder e sem sofrer golos, voltou de novo a obter vários maus resultados (duas derrotas por 2-0 consecutivas), e encontra-se abaixo da linha de água. É preciso recuar até 1983 para encontrar "o clube" da capital francesa numa tão má posição. Se os acontecimentos extra-desportivos (a violência das claques do PSG que contabiliza um morto após a derrota frente ao Tel-Aviv) ajudam a prejudicar a imagem do PSG, os resultados desportivos agravam a situação. A prioridade é conseguir a manutenção na primeira divisão gaulesa, mas a Taça UEFA é a última e única possibilidade para alcançar os objectivos afixados no início da época : a qualificação para as competições europeias de 2007/08.
Assim, apesar dos jogadores terem a cabeça a pensar no jogo de Auxerre, importantíssimo para o futuro do clube na primeira divisão, o jogo frente ao Benfica vai ser capital, e é visto como a única hipótese de salvar a época. E a mentalidade que reina no Parc des Princes é a de que "ganhar ao Benfica será a melhor maneira de preparar o jogo de Auxerre". Uma mentalidade de palavras, já que as divisões entre os jogadores, e a insatisfação de certos jogadores para com o treinador (nomeadamente a águia dos Açores) é predominante.

Para vencer, o Benfica terá de aproveitar os erros defensivos de alguns jogadores inexperientes e sem qualidades e a falta de fio de jogo do clube parisiense. Poderá eventualmente aproveitar o público como uma força desestabilizadora com o PSG. Uma pressão forte no início, acabando por desnortear os visitados iria causar, inelutavelmente, uma reacção negativa dos adeptos. Um golo madrugador poderia abrir uma goleada histórica para o Benfica.

Curiosamente, não considero que o Benfica venha a ter um apoio, tão enorme como o antevêem, dos portugueses radicados em França. Isto porque a maioria dos lugares do Parque dos Príncipes são lugares anuais, e embora alguns emigrantes tenham conseguido obter um desses bilhetes, essa fracção é minoritária. Além disso, o PSG disponibilizou um sector apenas para os simpatizantes do Benfica que vivem em França, o sector E, que corresponde a mais ou menos 2 000 lugares. Pedro Pauleta chegara a afirmar que o Benfica jogaria em casa. Ou seja, o Parque dos Príncipes irá ser composto em maioria por portugueses. Tendo em conta a capacidade do estádio, ligeiramente inferior a 50 000 lugares, é preciso esperar a presença de mais de 25 000 portugueses para apoiar o Benfica. Se tivermos em conta o facto de que jogar em casa significa ter, na prática, mais de 90% dos adeptos que preenchem os lugares do estádio são simpatizantes do mesmo clube. Assim sendo, não serão 25 000 benfiquistas, mas sim 45 000 benfiquistas que estarão presentes a apoiar o clube português.
Do meu lado, não prevejo mais de 10 000 apoiantes do Benfica, presentes no estádio amanhã.
Veremos, esta noite, quem de Pauleta, ou de mim, tem razão.

O meu desejo vai, obviamente, para um bom jogo de futebol, e um espectáculo digno dessa grande competição europeia. Fair-play dentro e fora das quatro linhas.
Infelizmente, esse desejo não se concretizará. Não por pessimismo, muito tradicional no povo português, mas sim por realismo e pragmatismo. Estão reunidas as condições para um espectáculo de violência:
  • Esta época ficará marcada pelas inúmeras manifestações violentas que avassalaram o mundo do futebol, e que tem vindo a tornar-se frequentes e constantes, nomeadamente no seio dos adeptos parisienses;
  • A má época, e sobre tudo o mau momento, que atravessa o clube de Paris aumenta o nervosismo dos adeptos;
  • O PSG enfrenta um clube português que irá contar com um apoio bastante forte de parte da população portuguesa residente na Grande Paris.
Provocações, zaragatas, racismo e violência verbal arriscam-se a se tornarem mais importantes que o jogo em si.

Uma triste realidade que se torna no dia a dia do futebol.
Fica, no entanto, o desejo de uma vitória portuguesa, e uma atitude honorável por parte dos jogadores, staff do Benfica, e de seus apoiantes.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Inesperada saída de Adriaanse.


Antes de ser para o FC Porto, foi um grande perda para o futebol português, a sua personalidade e ideias de jogos seriam importantes para Portugal, seriam importantes para manter durante mais alguns tempos. O permanente choque e a frontalidade de Adriaanse marcaram o futebol português nesta época, será difícil mudar consciências no pouco tempo que teve, com muito pena mas, como amostra foi agradável. Outra coisa que fará falta será a instalação da consciência do 3-4-3 (vai muito para além do um habitual sistema com 3 defesas) e da crença num futebol ofensivo, numa liga onde empatar ou perder por poucos são os objectivos de algumas das suas equipas (treinadores, dirigentes e jogadores) mais pequenas.


Em contrapartida, estas situações (e não me estou a contradizer) tiveram pontos negativos, a excessiva frontalidade ou como quiserem chamar, neste sentido, provocou algumas declarações infelizes em Co Adriaanse (que não acabaram num fim, trágico, mais cedo devido ao blackout instalado pela SAD portista). Em muitas dessas declarações o holandês esqueceu-se que era o líder de um grupo de trabalho e que dele partiam todas as decisões sobre o plantel e que, por isso, podia conceder alguma da sua opinião e liberdade de se expressar para o bem do grupo, porque ao fim ao cabo as suas decisões iriam reflectir isso e que não era necessário falar das suas avaliações pessoais e nem das suas frustrações em relação à equipa. Concordo com quem diz que o 3-4-3 pode torna-se a melhor sistema, se quem o usar souber usá-lo correctamente e de facto era algo que podia acontecer no Porto - mas também, muitas das vezes, não se compreendia a inclusão de Bosingwa em detrimento de Ricardo Costa ou até de Marek Cech, será a velocidade a única explicação? Mas não é verdade que o jogador, muitas das vezes, tinha dificuldade em defender - naquela posição - e dar continuidade a lances ofensivos?!


Quanto à mudança de treinador - não concordo com os jornais - não acho que o sistema implantado por Adriaanse seja de difícil mobilidade para outro sistema mais tradicional - 4-3-3 ou 4-4-2. A maior dificuldade do próximo treinador partirá daí - mas não dos sistemas - passo a explicar: Se o treinador optar por uma formação mais tradicional terá que escolher em deixar um meio-campo com 4 jogadores ou o ataque com 3 - em deixar Meireles ou Lucho no banco ou deixar Quaresma (não me parece que se adapte tão bem a um sistema com dois avançados). O próximo treinador terá que ter consciência da qualidade de grande parte dos jogadores e da sua juventude, terá que ser um treinador que se adapte bem a este perfil, a minha preferência recai em dois portugueses e um estrangeiro - Carlos Queiroz, Jesualdo Ferreira e Sven-Goran Eriksson (mais pela disponibilidade e qualidade, do que tanto pelo conhecimento dos jogadores do Porto) - e não esquecendo das possibilidades de Manuel Machado, Camacho e Vítor Pontes treinadores de grande qualidade e bastante namorados para os lados do Dragão e há também as pratas da casa Domingos, Aloísio, Jorge Costa (que não sei se tem formação adequada), Vítor Baía e Rui Barros.

terça-feira, junho 06, 2006

Campeonato do Mundo - Itália 1934

Vencedor: Itália
Vice: Checoslováquia
Melhor marcador: Conen, Alemanha; Schiavio, Itália; Nejedly, Hungria, 4 golos
Golos: 70 (4,12 por jogo)
Assistência: 395.000 (23.235,29 por jogo)



O segundo Campeonato do Mundo seria realizado na Itália, perante um Mussolini no auge do seu poder. Pela primeira vez o número de países inscritos (32) ultrapassou as vagas disponíveis (16) para a competição mundial, com isso foi necessário, estrear-se, o período de qualificação, onde participou Portugal. A primeira participação lusa num jogo de apuramento para o Mundial foi no mínimo desastrosa, já sem os seus principais elementos olímpicos de 1928, entre os quais Pepe - que faleceu em 1931 - e o seleccionador Cândido Oliveira - nunca bem visto entre as altas esferas do regime -, perdendo por 9-0 (e 2-1 uma semana mais tarde), em Madrid, frente à fortíssima Espanha de Zamora.

Cedo se percebeu, que este Mundial seria o confronto entre duas escolas, a latina, com a Itália e Espanha e a centro-europeia, representada pela Áustria, Hungria e Checoslováquia, muito devido às ausências do Uruguai e da Inglaterra, o primeiro em boicote pela ausência da maior parte das equipas europeus do seu Mundial, entre elas a Itália, o segundo pela não adesão ao movimento FIFA e pela eliminação, logo, nos oitavos do Brasil, que viu-se arredado dos seus principais jogadores devido a um diferendo entre a Confederação Brasileira de Desportos e a Confederação Brasileira de Futebol, e da Argentina, que também não levaria os seus melhores jogadores em protesto com as entidades italianas.


Cartaz oficial do Itália 1934

A prova desembolar-se-ia no modo de eliminatórias e demonstraria que a Itália teria que vencer, a qualquer custo, quer fosse licito ou ilicitamente - até era provável que nem necessitasse, tal era o valor de Meazza e companhia -, perante os olhos do Duce que tudo faria para mostrar a supremacia do fascismo e do italiano: indo até contra a própria doutrina que criou, com a inclusão na squadra-azzura dos argentinos Raimundo Orsi, Attilio Demaria, Enrico Guaita e Luisito Monti e o brasileiro Anfilogino Guarisi, mudando a leis da naturalização - Lei dos Repatriados - facilitando implantação dos oriundi; e criando um clima que favorecia as arbitragens pouco isentas.

Os oitavos de final, a primeira eliminatória da competição, ficariam marcados pela eliminação de todas as equipas de fora do continente europeu, os Estados Unidos perderiam com a Itália por 7-1, a Espanha eliminaria o Brasil por 3-1, o golo de honra seria marcado pelo Diamante Negro - Leonidas -, os argentinos seriam eliminados pela Suécia (3-2) após estarem a ganhar 2-1, já na segunda-parte e o único representante do continente africano, o Egipto, seria eliminado em Nápoles pela Hungria. Os outros resultados apurariam a Checoslováquia, Alemanha, Suiça e a Áustria.

Nos quartos de final, a Itália necessitaria de dois jogos para eliminar a Espanha, nestes jogos defrontar-se-iam duas das melhores equipas do torneio a Espanha tinha o mítico guarda-redes Zamora e o defesa Quincoces. A exibição de Zamora foi fantástica, digna de um herói, só não conseguiu evitar o golo da Itália a um minuto do intervalo por Monti - nada podia fazer, depois de sofrer falta -, mas durante maior parte dos 120 minutos, el Divino, defendeu os perigosos remates italianos levando a partida para segundo jogo. O segundo jogo seria no dia seguinte, faziam-se notar algumas ausências nos onzes de cada equipa quatro do lado italiano e sete do lado espanhol, entre eles el Divino, que estava esgotado, depois de ter feito uma das maiores exibições ao serviço da Espanha. A arbitragem do suíço, Rene Mercet, seria tão ruinosa para o futebol e para o Campeonato do Mundo que levaria à sua irradiação, este segundo jogo ficaria marcado pelo o único golo do jogo, pelo Peppino Guiseppe Meazza e pelos dois golos anulados à Espanha.



Tinha de tão bom treinador como de polémico, sendo uma das bases da contrução do futebol italiano. Vittorio Pozzo, Il Vecchio Maestro. Depois do jogo com a Espanha, Pozzo, fazendo a propaganda mussiliana:
«A partida mais difícil de todas foi contra a Espanha, que pode ser considerada como a inicial, já que o jogo contra os EUA não podia ser visto como um teste preparatório.
A equipa que a Espanha enviou para o Campeonato do Mundo era formidável: técnico, aguerrido, com velocidade latina e ardor ibérico.
Precisamos de 210 minutos de jogo para vencer. Nenhuma outra equipa nos exigiu tanto.
Com tal valor se comportaram os espanhóis naquelas duas partidas em Florença, que foram necessários homens de têmpera especial para batê-los, homens fortes e confiantes como só o fascismo pode criar.»


A Áustria era a equipa prodigiosa, maravilhosa, a Wunderteam onde pontificavam jogadores como os guarda-redes Rudolf Hiden, o defesa Karl Sesta, os médios Pepi Bican e Karl Kischek e os avançados Rudi Viertl, Hans Horvath e Matthias Sindelar, o Homem de Papel. Para o jogo das meias-finais frente aos italianos, além da ausência de Rudolf Hiden, fazia-se notar a falta do avançado dinâmico Horvath, mesmo assim a selecção austríaca continuava forte com Smistik, Wagner e Urbanek, apesar de um campo - enlameado - totalmente adverso ao seu futebol técnico.



Uma imagem ilustrada de Hugo Meisl, com o seu chapéu de coco. Ele foi o pai da Wunderteam, responsável pelos grandes frutos do futebol centro-europeu que mais tarde atingiria o seu auge com os magos da Hungria. Diria já nos anos 30:
«Os onze jogadores devem estar em permanente movimento para impedir o adversário de adivinhar as suas intenções. Mesmo um médio, se tiver oportunidade, deve avançar no terreno e surgir, de surpresa, na área adversária, mas, nesse mesmo instante, um seu colega deve imediatamente ocupar o seu posto em campo, subitamente vazio pelo seu adiantamento no ataque. O meu sistema, em suma, é não ter nenhum sistema. Inteligência, velocidade e surpresa são os factores de sucesso.»


Era um jogo de grandes confrontos, entre dois mestres do futebol mundial - Vittorio Pozzo e Hugo Meisl - e entre dois jogadores que decidiram ter caminhos diferentes - Allemandi, que para continuar o seu desporto sujeitou-se ao fascismo, e Sindelar, que preferiu lutar e que mais tarde, segundo a lenda, preferiu morrer em vez de fazer parte da propaganda nazi. Quanto ao jogo seria marcado outra vez por um único golo, por Guaita, que estaria, em completo, fora-de-jogo, mas o árbitro sueco Ivan Eklind, que passou a ser frequentador da casa do Duce durante o Mundial, decidiu nada fazer.



Guiseppe Meazza, no segundo jogo frente à Espanha - em fazia o 4 jogo da semana - onde se sentiu mal mas, felizmente para os italianos recuperou para ajudar a equipa a vencer os espanhóis. Com simplesmente 1,69 m e 73 Kg foi o cérebro da selecção italiana e para muitos o melhor jogador do torneio.


O jogo do terceiro e quarto lugar, entre a Alemanha e a Áustria, seria um dos mais importantes jogos para esta decisão, ia para além da medalha de bronze. Este jogo marcava os períodos antes de Anschluss, que ocorreriam em 1938. Hugo Meisl apresentaria a sua equipa num 2-3-2-3, num Mundial onde se adoptava o WM, com Platzer; Cisar, Sesta; Wagner, Smistik, Urbanek; Zischek, Bican; Sindelar, Horvath e Viertl contra uma Alemanha que apostava nos seus jogadores do Breslau-Elf. A Áustria só conseguiria reduzir para 3-2, aos 54 minutos por Karl Sesta. Anos mais tarde alguns destes jogadores formariam uma selecção nacional.

A Itália, que chegou a esta final com muita dificuldade, apresentava o seu método, o WW, defendido por Pozzo, com Combi; Monzeglio, Allemandi; Ferraris, Monti, Bertolini; Meazza, Ferrari; Guaita, Schiavio e Orsi. Na verdade Vittorio, não era um grande sabedor táctico, como era ao nível da psicologia - obrigava os seus jogadores a longas corridas a assobiarem Il Piave -, não percebia muito bem como aproveitar o jogo no sistema WM. A defesa era constituída por Monzeglio, dono de uma refinada técnica e por Allemandi - suspenso por suborno, era de tal forma excelente jogador, que no jogo em que foi acusado dessa pratica foi até um dos melhores jogadores em campo e que regressou a pedido do Duce - era dono de uma grande agilidade e resistência, que lhe davam mobilidade que o tornou num dos percursores dos laterais modernos; no meio Monti, era um lutador, possuidor de um duro tackle, mas tecnicamente bem dotado e Meazza, inicialmente avançado foi recuando tornando-se num regista, inteligente no seu jogo, Il Peppino, tinha um dribbling apurado, fisicamente forte e com um excelente remate, tornando-se para muitos o primeiro grande nº10; no ataque Orsi, canhoto, com um grande talento e com uma enorme capacidade de finta e Schiavio autor de um remate fortíssimo com ambos os pés.
Toda gente em Itália esperava, nada menos do que, a vitória. A 15 minutos do fim, o checoslovaco, Tuc coloca a sua selecção à frente, dando ao marcador o resultado de 0-1, gelando o público italiano presente. No entanto os jogadores italianos conseguem dar a volta ao resultado, passados 5 minutos, Orsi recebendo uma bola de Guaita e fintando um checo com o esquerdo e rematando com o direito, fez o 1-1 e já no prolongamento passado 5 minutos do seu inicio Schiavio faz o 2-1, a passe de Meazza.
Acabava o Mundial, dando um mau exemplo ao mundo de como devia de ser praticado o futebol, muito devido à falta de senso desportivo que regeu esta competição mas, em contrapartida, foi um sucesso económico e, infelizmente, serviu de propaganda para um regime fascista que procurava cada vez mais apoiantes.



Festejos italianos após o 2-1 frente à Checoslováquia com Vittorio Pozzo a ombros.


Primeira Eliminatória



Fase Final



Ficha da Final:
http://fifaworldcup.yahoo.com/06/pt/w/pwc/mr_1134.html

Dream Team



Pontos curiosos:
  • Pela primeira vez o número de países inscritos ultrapassou o de vagas disponível, o que levou pela primeira vez a uma fase de qualificação
  • O Egipto, que participou neste Mundial, tornou-se assim, a primeira equipa africana num Campeonato do Mundo, algo que teríamos que esperar por 1970 para voltar a ver, com Marrocos
  • O cartaz do Mundial de acordo com os fascistas era para ser outro, um jogador a fazer a saudação fascista, mas a pedido da FIFA foram obrigados a escolher outra figura, como se pode ver, bem mais neutral
  • Ainda dentro do cartaz, no lado esquerdo em vez do ano "1934" está escrito "XII" que eram o número de anos que Mussolini já estava no poder em Itália
  • O Brasil voltou a não se apresentar com a melhor equipa. Desta vez foi devido a um diferendo entre a Confederação Brasileira de Desportos, responsável pelo futebol amador e pela selecção, e a Confederação Brasileira de Futebol, responsável pelo futebol profissional. Mesmo assim a CBD tentou aliciar alguns jogadores, levando ao Palestra Itália, actual Palmeiras, a esconder os seus jogadores...
  • Leopold Kielholz, avançado checo, fez três golos durante o mundial. Os óculos que ele usou durante os dois primeiros jogos devem tê-lo ajudado
  • René Mercet, árbitro suíço, após o jogo de desempate que opôs a Itália à Espanha, foi suspenso pela sua própria federação;
  • Devido às costuras duras da bola, que feriam as testas dos jogadores, o avançado italiano Luigi Bertolini para mostrar uma das suas principais características decidiu jogar com um lenço branco amarrado à cabeça
  • Edmund Conen, um dos melhores marcadores deste Mundial, fê-lo com 19 anos. Infelizmente, três anos mais tarde teve que abandonar o futebol devido a problemas cardíacos
  • Anton Schall, jogador austríaco, foi o primeiro jogador a marcar um golo num prolongamento, essa felicidade aconteceu-lhe no jogo Áustria-França ao fazer o 3-2 final
  • Anfilogino Guarisi, conhecido por Filó, foi o primeiro brasileiro a ser campeão Mundial
  • Há quem diga que há momentos que só se conseguem uma vez na vida. Raimundo Orsi, pode comprová-lo! No dia seguinte ao fantástico golo na final que punha a Itália empatada e a caminho do prolongamento, Orsi tentou mais de 20 vezes, perante um batalhão de fotógrafos e jornalista, o mesmo movimento mas nunca o conseguiu repetir
  • Filho de peixe sabe nadar. Dois futebolistas que estiveram no Itália’34, Martin Vantoira, pela Espanha e Roger Rio, pela França, viram a sua descendência continuada nos mundiais, neste caso o filho do primeiro, José Vantoira, esteve presente no México’70 pela equipa da casa e o do segundo, Patrice Rio, fez parte da equipa francesa que se deslocou à Argentina no Mundial de 78.

terça-feira, janeiro 31, 2006

Campeonato do Mundo - Uruguai 1930

Vencedor: Uruguai
Vice: Argentina
Melhor marcador: Stabile, Argentina, 8 golos
Golos: 70 (3,89 por jogo)
Assistência: 434.500 (24.138,89 por jogo)



Em 21 de Maio de 1904, eram dados os primeiros passos para uma competição à escala mundial, com a criação da Federação Internacional de Futebol (FIFA - Fédération Internationale de Football Association), pela ideia original de Robert Guérin, C. A. W. Hirschman, Henry Delaunay e Jules Rimet; dois dias depois o primeiro congresso seria realizado, com a participação da França (Union des Sociétés Françaises de Sports Athlétiques, USFSA), Bélgica (Union Belge des Sociétés de Sports, UBSSA), Dinamarca (Dansk Boldspil Union, DBU), Holanda (Nederlandsche Voetbal Bond, NVB), Espanha (Madrid Football Club), Suécia (Svenska Bollspells Förbundet, SBF) e Suiça (Association Suisse de Football, ASF). Com Robert Guérin, e depois com Daniel Burley Woolfall, a Federação sairia da Europa continental.
Com Jules Rimet a presidente da FIFA (1921-1954), seriam dados os passos decisivos para a criação do Mundial. Sobre a influência, dos Jogos Olímpicos de Paris de 1924, é criada em 1926 uma comissão para estudar a possível realização do Campeonato do Mundo. «O conceito do Campeonato do Mundo nasce em França!»

O Uruguai, motivado pelas vitórias nos Jogos Olímpicos de 1924 e 28 oferece-se para organizar o Campeonato do Mundo, prontificando-se para pagar as despesas e a criar um estádio (o Centenario, alusivo ao 100 anos de Independência do país), esta proposta é acolhida com entusiasmo por Jules Rimet e ratificada no Congresso da FIFA de Barcelona em 18 de Maio de 1929.

Jules Rimet, a 21 de Julho de 1930 embarca em Villefranche Sur Mer, num navio italiano, Conte Verde, rumo a Montevideu. Segundo as crónicas, abandona o porto gritando: «Vive la France!» levando consigo, numa caixa, o troféu que seria dado ao vencedor, a Taça «Victoire aux Ailes d'Or» - mais conhecida como Taça Jules Rimet – onde está projectada, como o nome indica, Vitória com os braços erguidos, esculpida por Abel Lafleur, ourives e futebolista amador.


Victoire aux Ailes d'Or - De 35 cm de altura e pesava aproximadamente 3,8 kg

No mesmo barco, o Conte Verde, estavam abarcadas as selecções nacionais da França, Bélgica (que o apanharia em Barcelona) e Roménia, já a Jugoslávia viajou no transatlântico, Florida. Numa Europa que vivia em plena crise económica, só iriam 4 selecções ao Mundial, devido aos custos até Montevideu e à arrogância isolacionista inglesa, fazendo-se notar, além da Inglaterra, a ausência da Alemanha, Áustria, Espanha, Itália, Hungria e Suiça.

Começava, com 13 selecções, o Mundial e surgiam mais dois problema – o primeiro bem mais actual – os clubes não viam com bons olhos ceder os jogadores durante dois meses às selecções nacionais, a principal figura era a França, onde o profissionalismo já se iniciava, dando origem à não ida de Manuel Anatol, um dos melhores jogadores franceses e do Racing Club; o segundo era com a selecção brasileira, que se viu arredada de alguns dos seus principais jogadores – de origem paulista –, devido ao diferendo com a Associação Paulista de Esportes e Atléticos por ter recusado a incluir um treinador de São Paulo na equipa técnica.


Cartaz do Mundial do Uruguai de 1930

A honra de serem as primeiras selecções a jogarem o Campeonato do Mundo, caberia à França e ao México, o jogo ficaria 4-1 a favor dos franceses, o primeiro golo em campeonatos do Mundo seria marcado pelo francês Lucien Laurent.
Um dos dois jogos mais recordados deste Mundial seria outro da França, opondo-se, desta vez à Argentina, uma selecção desfalcada contra os vice-campeões olímpicos. Contra as expectativas, mas deixando os adeptos uruguaios em júbilo, a França fez uma melhor primeira parte. A vitória Argentina não iria ser tão fácil como parecia! A segunda parte é de parada e resposta, a Argentina obriga o guarda-redes Alex Thepot um conjunto de boas defesas, mas só chegaria ao golo de penalty – convertido por Luis Monti – aos 81 minutos. Aos 85 minutos, o árbitro brasileiro, Gilberto de Almeida Rego, decide entrar em jogo, ou melhor decide acabar o jogo, o que levaria a uma invasão de campo e aos protestos dos jogadores franceses e dos adeptos. Só quando alguns jogadores se preparavam para se irem embora é que o árbitro se apercebe de erro, retomando o jogo e fazendo jogar os cinco minutos restantes.


Andrade, a Maravilha Negra, considerado por muitos o melhor jogador do torneio.

O outro grande jogo seria o da final, como previsto antes do início da edição, chegariam a esta fase o Uruguai e a Argentina, «a final de Amesterdão (Jogos Olímpicos de 1928) estava reeditada». A rivalidade fez-se sentir logo nos dias anteriores, a federação uruguaia só disponibilizaria 10 mil bilhetes para o território argentino, contra os 30 mil vendido no Uruguai. Muitos argentinos viriam de barco (a partir do rio de Mar del Plata) e teriam que esperar horas até puderem entrar em solo uruguaio.
A Argentina que chegaria à final derrotando a França (1-0), o México (6-3) e o Chile (3-1), na primeira fase, e os EUA, do jogador de família portuguesa Adelino Gonsalves, por 6-1, nas meias-finais. Depositava maior confiança no seu defesa Juan Evaristo, nos médios Peucelle e Monti e nos avançados Stabile e Ferreyra. Monti era a grande estrela da equipa, dotado tecnicamente era capaz das jogadas mais sublimes juntando a isso a impetuosidade que dava às disputas defensivas, autor de tackles imponentes e Stabile, que seria o melhor marcador do torneio, com 8 golos, não era um avançado puro, jogava entre zonas, conhecido como El Filtrador, por penetrar com facilidade nas defesas adversárias, facto curioso, é que Stabile não estava para jogar no primeiro jogo do Mundial, entrou devido a uma crise nervosa Roberto Cherro. A Argentina entraria com Botasso; Della Torre, Paternoster, Juan Evaristo; Monti, Suarez, Peucelle; Varrallo, Stabile, Ferreyra (capitão) e Mário Evaristo, treinados por Francisco Olazar.
O Uruguai para aqui estar presente eliminaria o Peru (1-0) e a Roménia (4-0), na primeira fase, e a Jugoslávia, por 6-1, nas meias-finais, a equipa Celeste apresentava-se neste final como bi-campeã olímpica, mas com a sua grande base envelhecida; Nasazzi, Scarone, Cea e Andrade já não revelavam a frescura física de outros tempos. Mesmo assim esta selecção mostrava-se evoluída para o seu tempo, apesar do seu 2-3-5 revelava já alguma sagacidade táctica, treinados por Alberto Supicci, que pouco ou nenhuma influencia tinha nas noções tácticas e na constituição da equipa - as suas funções limitavam-se à preparação física -, essas tarefas ficariam para o capitão Nasazzi, que criara uma equipa compacta, que utilizava a sua grande segurança defensiva como a arma da ataque, explorando fortes contra-ataques surpreendendo os adversários. José Nasazzia, era um defesa intransponível considerado por muitos, um dos primeiros liberos da história do futebol; Scarone, era um cabeceador exímio, conhecido pela enorme precisão do passe e pelo Mago; Pedro Cea, era um jogador lento, mas em contrapartida habilidoso, que com a técnica prodigiosa do seu pé esquerdo marcaria ao longo das três competições (24, 28 e 30) golos bastante decisivos, tornando-se o vice-goleador do torneio; e José Leandro Andrade, era a Maravilha Negra, era uma das principais estrelas deste mundial e exemplificador da mistificação da cultura e selecção uruguaia tinha sido um dos primeiros jogadores negros a jogar nos relvados europeus, no Jogos Olímpicos de Paris de 1924, era um jogador que defendia com grande capacidade e quando tinha a bola nas sua posse dava maior elegância ao jogo subindo pelo seu flanco. A equipa uruguaia entraria com Ballesteros, que ingressara no onze do mundial para substituir o guarda-redes Mazzali (um dos herois dos Jogos Olímpicos de 24 e 28), que tinha sido expulso, após ter sido apanhado a altas horas da noite a beber; Nasazzi (capitão), Mascheroni; Andrade, Fernandez, Gestido; Dorado, Scarone, Castro, Cea e Iriarte.
O jogo começava em polémica, os jogadores argentinos e uruguaios queriam jogar com as bolas fabricadas nos seus países, o árbitro belga John Langenus decidiu de forma salomónica na primeira parte os argentinos jogariam com a sua bola e na segunda com a dos uruguaios, coincidentemente cada uma das equipas venceria os 45 minutos relativos à sua bola. Perante 90 mil espectadores, o Uruguai entra no ataque e faz logo aos 12 minutos o 1-0, aproveitando um espaço concedido na área gaúcha, Pablo Dorado faz o golo, para euforia dos seus adeptos. Mesmo assim equipa do Uruguai mostra-se algo nervosa, falhando sucessivos passes, deixando o jogo para a Argentina, que aos 20 minutos cala o Estádio do Centenário, por Peucelle e aos 37 gela-o por completo quando Stabile, faz o seu 8º golo na competição, perante os protestos enraivecidos do capitão uruguaio, Nasazzi, reclamando um fora-de-jogo. O árbitro dá como terminada a primeira parte, Nasazzi regressa aos balneários enfurecido, «algo deve ter dito, porque algo mudou!»
Começa o segundo tempo, para Nasazzi era importante dar o exemplo, marca o golo do empate, mas não (!), ele é anulado, pelo árbitro belga! Esse golo não tardia a aparecer, estamos perante outra equipa uruguaia esta reaviva o seu espírito lutador de 2 e 6 anos antes, a classe é que, infelizmente, já não é a mesma, outra vez aos 12 minutos, desta vez da segunda parte, o Uruguai marcaria um tento, o 2-2, por Pedro Cea! Os adeptos uruguaios animam-se, outra vez, o silêncio é quebrado, para pena dos jogadores argentinos, que não mereciam aquele ambiente. Aos 68 minutos, Iriarte, após uma jogada espectacular da equipa Celeste, distancia o Uruguai a um golo. Perante este sentimento de injustiça, a Argentina tenta reagir, parte para cima da área contrária, atira-se para cima dos jogadores uruguaios, mas sem êxito! Perante este cenário, o Uruguai faz o 4-2, nos últimos segundos, por Hector Castro, jogador de um só braço, marcaria o último golo do Mundial de 1930 (!), que finalizaria o jogo. O troféu é entregue nas mãos do capitão uruguaio, Nasazzi – «O Uruguai é o primeiro campeão do Mundo!»
Era o delírio nas ruas de todo o Uruguai, o dia seguinte, para compensar os festejos, é decretado feriado nacional. Era o último acto de uma grande geração uruguaia, que tinha como representantes das três vitórias Nasazzi, Scarone, Andrade e Cea.
O Campeonato do Mundo estava lançado, o sucesso fora atingido financeira, desportiva e culturalmente, para grande gáudio dos adeptos do futebol começava a campanha dos Campeonatos do Mundo!



Celebração, pela vitória no Campeonato do Mundo, dos jogadores Celestes.

Primeira-Fase



Fase de Eliminatórias



Ficha da Final:
http://2002.fifaworldcup.yahoo.com/02/en/pf/h/pwc/mr/1087.html

Dream Team



Pontos curiosos:
  • Na Roménia quem convoca é rei, ou o contrário! O rei exerceu as funções de treinador, acrescentado a isso um decreto, onde seria outorgado aos jogadores seleccionados três meses de licença nos seus respectivos trabalhos;
  • A selecção brasileira não foi completa ao Mundial, sendo constituída apenas por jogadores cariocas, devido a uma divergência com a Federação Paulista, onde esta exigia a inclusão de um treinador de São Paulo na equipa técnica;
  • Só dois países fundadores da FIFA é que entrariam neste torneio;
  • Lucian Laurent, jogador francês, tornou-se o primeiro jogador a marcar um golo numa fase final do Mundial;
  • A Bolívia no seu jogo de estreia decidiu agradeceu ao país organizador. Cada jogador entraria em campo com uma camisola com uma letra, que faria a mensagem: «Viva Uruguay». Pois, mas o jogador responsável pelo terceiro «U» esqueceu-se de apareceu, dando um resultado interessante;
  • Como símbolo do amadorismo da organização esta o seu cartaz oficial, quando os jogos começavam a 13 e acabam 30 Julho, o cartaz anunciava o começo para 15 de Julho e o fecho para 15 de Agosto;
  • O argentino Guillermo Stabille, foi o primeiro jogador que conseguir um hat-trick num torneio do Campeonato do Mundo;
  • O primeiro jogador a ser expulso num Mundial seria o defesa peruano De Las Casas, devido a ter empurrado o árbitro chileno Alberto Warken, durante o jogo Peru-Roménia (1-3), aliás foi a única expulsão no Uruguai;
  • O árbitro belga, John Langenus, teve que resolver difícil na final. Uruguaios e argentinos queriam jogar com as bolas fabricas nos seus países, o árbitro decidiu que uma entraria na primeira parte e outra na segunda. Através de moeda ao ar, ficou decidido que seriam os argentinos os primeiros;
  • O árbitro brasileiro, Gilberto de Almeida Rego, decidiu que o jogo entre a França e a Argentina (0-1) devia de acabar mais cedo, foi o que fez! Acabou o jogo 5 minutos mais cedo, rezam as crónicas que quando o árbitro se deu conta de erro, já alguns jogadores argentinos estavam no chuveiro;
  • Este foi o único Campeonato do Mundo, sem a disputa de 3º e 4º lugar;
  • O torneio concentrou-se numa única cidade, em Montevideu, com os seus três estádios – Centenario, Pocitos e Parque Central.